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  • Foto do escritorVictor Canongia

Veritas et Virtus - Parte I

Veritas et Virtus são palavras de origem latina que significam verdade e virtude. Doravante irei escrever com nomes próprios, ou seja, serão dois personagens que, de tempos em tempos, irão visitar o nosso site.

Apresentaremos: Veritas.

Muitas alegorias sobre a verdade, a mentira, a ética e a moral são difundidas nos diversos meios. Utilizando mitos, contos, parábolas e histórias vemos permeadas as alegorias e símbolos por meio de deuses e arquétipos coletivos para expressar o pensamento e a psique da humanidade ao longo os tempos.


Veritas é a deusa da verdade e filha de Saturno no panteão romano. Saturno representa o tempo, pois a verdade sempre aparece com o Tempo. Hoje, mais do que nunca, oferecemos uma simbólica homenagens a esta deusa que encontra-se sob múltiplos véus, por mais avanços tecnológicos e os diversificados tipos de acessos à informação.


De toda sorte, o que presenciamos no presente são mentiras e mentiras, fantasias e fantasias, tanto na história, na política, na economia, na sociedade e como nas diversas Ordens e Organizações.


Mente-se para angariar dinheiro. Mente-se para controlar o outro. Mente-se para se enganar. Mente-se sobre tudo para ter poder.


Mas Veritas irá nos acompanhar em nossos textos, como o seu archote a iluminar a nossa caminhada.


Nossa Veritas não é a Veritas do Direto Romano que carrega consigo o significado de uma afirmação a cerca de um fato, mas apenas apresentando e defendendo somente o que lhe interessa ocultando, astuciosamente, o restante da realidade conforme o argumento apresentado.


A nossa é a Veritas Aletheia, a qual apresenta uma verdade que é fruto da análise da razão, não deixando nada em oculto. Ela representa um princípio de uma ordem que necessita afastar o caos para manter a harmonia.


Aletheia é a deusa grega da verdade. Seu nome significa verdade, mas uma verdade no sentido de desvelamento: a- (negação) e lethe (esquecimento) dando o sentido de "realidade", ou de busca pela verdade por meio do conhecimento. O termo é comumente utilizado na psicologia para referir-se à busca por uma verdade além das aparências.


Na antiga Grécia, muitos chamavam pela deusa quando estavam desesperados para descobrir alguma verdade oculta. A deusa os atendia de imediato, mas a sua benção era como uma maldição pois nunca mais a pessoa conseguiria mentir novamente e estava fadada a viver sozinha e isolada. Como uma voz no deserto.


Clássicas são as fábulas sobre a verdade:

Em: A Verdade e a Parábola percebemos a necessidade da Verdade se camuflar com belas roupas, pois apresenta a premissa de que os seres humanos não gostam de encarar a verdade sem adornos, preferindo-a disfarçada.


Já em: A Mentira e as vestes da Verdade vemos o encontro da Verdade com a Mentira e aprendemos que a moral da história é: as pessoas aceitam mais a Mentira disfarçada de meias verdades do que a Verdade nua e crua.


Não obstante, a parábola que eu mais aprecio é: A Semente da Verdade.


A Semente da Verdade

Um imperador precisava encontrar um sucessor para o seu trono. Sem filhos, nem parentes próximos, ele resolveu convocar as crianças do reino.

Thai foi uma delas. Ele era um bom menino. Cuidava do jardim da sua casa e cada planta tocada por ele crescia com força e vigor.

Thai, dirigiu-se até o palácio no dia marcado e lá se encontrou com várias crianças que almejavam a sucessão.

O imperador disse:

– Crianças, preciso escolher o meu sucessor dentre vocês. Vou lhes dar uma tarefa. Peguem, aqui estão algumas sementes e quero que vocês as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, a mais bela planta no prazo e um ano.

Thai era um excelente jardineiro e com sem dúvidas faria cumpriria a tarefa que o imperador pediu. Porém, por mais que Thai se esforçasse, a semente não brotava. O jovem rapaz fez de tudo o que podia, mas seus esforços foram em vão.

Finalmente chegou o dia de apresentar a planta ao imperador, mas infelizmente a semente do garoto não havia brotado e Thai estava de tal forma preocupado que não queria enfrentar as outras crianças.

Porém, seu avô lhe disse:

– Thai, você é um rapaz honesto. Vá até o imperador e diga a verdade. Você se dedicou ao máximo, mas a sua semente não brotou. Não se envergonhe, meu rapaz, apenas explique o que você fez, pois devemos sempre agir com honestidade, buscando a nossa felicidade, sem que a nossa alegria traga infelicidade para o outro.

Thai acatou o conselho do avô e se dirigiu para o palácio.

Ao chegar lá, ficou surpreso, pois era a única criança que não levava consigo um planta. Todas as crianças carregaram plantas belíssimas, mas Thai não levou nenhuma.

O imperador chamava criança a crianças e, uma a uma, examinava os seus vasos. Não esboçava nenhuma reação. Nem sorria e nem reprovava, apenas avaliava.

Thai estava apreensivo, pois se o imperador, até aquele momento, não havia aprovado nenhuma planta, imagine ele que estava com um vaso sem planta.

Thai foi deixou que as outras crianças o passassem na fila e ele foi ficando para trás. Em fim, a sua vez chegou e ele não poderia mais adiar o encontro com o imperador.

– Olá meu rapaz, o que tem para mim - Disse o imperador.

Thai não conseguia conter as lágrimas e de cabeça baixa, entregou o seu vaso para imperador dizendo:

– Senhor, sou um jardineiro e uma das minhas virtudes é a perseverança, mas por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. O meu avô me ajudou a pensar sobre o que fazer e preferi dizer a verdade, contar o meu esforço e pedir-lhe perdão.

O imperador então disse:

– Não se envergonhe, meu garoto, você fez o que é certo. A sua maior virtude não é ser jardineiro é ser verdadeiro e dizer a verdade. Antes de entregar as sementes, eu havia queimando todas. Nenhuma poderia germinar. Portanto, você foi o único que plantou a semente da verdade. Eu o escolho como meu sucessor.


“Algumas vezes a verdade não é tão bonita quanto uma flor, mas precisamos encará-la com coragem, para vencer os grandes desafios.”


Optei por este belíssimo conto do folclore oriental tendo em vista a atitude ética do personagem Thai. Sim, a Ética precisa caminhar de mãos dadas com a verdade para que o processo de harmonia e o encontro com a felicidade interior e social possa ocorrer.


Infelizmente nós vivemos em um momento onde a ilusão (externa ou interna) nos abraça.


Um grande problema para o pesquisador é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, quem o ou o que é o portador da verdade (aproveito para afirmar que não temos a pretensão de sê-lo). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade.


Excesso de livros publicados não torna alguém o portador da verdade, muito menos altos graus em uma determinada Ordem ou ainda um cem números de anos em uma determinada Organização.


O que torna algo ou alguém um aspirante a portador da verdade é a capacidade de conectar, examinar e juntar os dois (ou múltiplos) lados de uma mesma moeda e, após isto, a luz da razão, de forma imparcial e livre de dogmas ou conceitos para emitir um parecer.


Há de se afirmar, entre tanto, que a verdade é um ponto de vista. Ela é relativa, sobre tudo ao tempo e, assim sendo. facilmente refutável. Por conseguinte, em questões de história e ética somos livres para pensar, pesquisar e concluir. Separando o falso do verdadeiro.


A Verdade é a base pra a construção de um caráter digno. Ela é a fundação para desenvolver as virtudes, a luz em meio ao mundo da ignorância e a certeza de uma consciência tranquila.


"Não creiais em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem o testemunho escrito de algum sábio antigo. Não creiais em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes. Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e, depois de minucioso estudo, for confirmado pela vossa experiência, conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas: A isso aceitai como Verdade. Por isso, pautai a vossa conduta”. ( Sidarta Gautama, o Buda, 500 A.C. )


Veritas et Virtus

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