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  • Foto do escritorVictor Canongia

O que é Maçonaria

Atualizado: 3 de dez. de 2019

O objetivo deste artigo não é apresentar nada de novo, até porque, basta fazer pesquisas na Internet e aparecerão 2.920.000 resultados informando "O que é a Maçonaria".

Então, por que escrever sobre Maçonaria, ou até mesmo manter um site sobre este assunto?


Simples, porque todos nós somos únicos e cada um vê e interpreta algo conforme o seu histórico de vida e experiências. A minha opinião é singular, assim como a sua e a dele.


Tudo bem, mas... e daí? Para que saber mais uma opinião se já existem mais de dois milhões?


Bom, primeiro porque muitas postagens futuras na Voz no Deserto farão referência a esta postagem de hoje; Segundo porque a Maçonaria é uma organização secular e, quanto mais nos aprofundamos nos estudos, novas informações sobre a Ordem surgem a cada dia. Ou seja, uma afirmação sobre a Maçonaria hoje poderá estar desatualizada amanhã.


O TERMO MAÇOM


A palavra vem do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer: pedreiro, construtor. A origem da Ordem provem das associações de pedreiros. Portanto, toda a simbologia para explicar os aspectos filosóficos é calcada nos instrumentos dos pedreiros e dos arquitetos. Foram eles quem construíram as Catedrais, alguns palácios e pontes.


Entrar na Maçonaria e estudá-la é como fazer uma viagem no tempo e tentar ver, sentir e pensar como os antigos praticantes do ofício da construção faziam e depois trazer ao nosso tempo e adaptar à nossa realidade.


Os nossos irmãos do passado mantiveram guardados, zelosamente e com muito carinho, toda uma tradição secular de histórias, mitos e acontecimentos.


Em um artigo futuro iremos abordar melhor a História da Maçonaria.

DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE MAÇONARIA


A Maçonaria é uma organização sem fins lucrativos que foi oficialmente fundada (observem que usei o termo fundada e não criada) em 24 de junho de 1717 (esta data marca apenas o início de uma nova fase). Foi um momento histórico para registrar de forma oficial e ampla a existência de uma organização que já existia muito antes de 1717.


Pode-se dizer que é uma irmandade filosófica e filantrópica, iniciática e discreta, que visa o aperfeiçoamento moral dos seus integrantes e, por conseguinte, o aprimoramento moral do ambiente no qual o maçom tem o seu convívio (familiares e amigos).

O QUE A MAÇONARIA É PARA MIM:


Agora vem a parte longa, rica, complexa e, como não poderia deixar de ser, a minha contribuição.


Vou escrever o que eu sempre falo com maçons e não maçons quando me perguntam o que eu penso sobre a Maçonaria: "Maçonaria não é única, ela é multifacetada e para conhecer as suas diversas faces é importante inteirar-se de cinco componentes: quem são as pessoas que compõe uma Loja; quem é o Venerável Mestre que dirige a Loja; qual o Rito praticado pela Loja; a qual Obediência a Loja está subordinada; e em qual país ou região ela é praticada."


Eu vou comparar, com todo o respeito, a Maçonaria com o Cristianismo. O Cristianismo é uma corrente religiosa, mas existem diversas Igrejas, desde a Igreja Apostólica Católica Romana, passando pela Igreja Ortodoxa e indo até Igrejas Protestantes. Tudo é Cristianismo, mas cada Igreja tem a sua identidade. Cada cristão, aos domingos, vai à sua igreja e lá terá a sua forma de entender e expressar a sua religião.


Se perguntar a um cristão batista como é a sua religião e irá contar de uma forma diferente da de um cristão católico que também será totalmente diferente da versão de um cristão copta, mas todos têm em comum a crença em Jesus de Nazaré, o Cristo e salvador.


O mesmo ocorre na Maçonaria, então vamos nos aprofundar um pouco mais nestas definições:


1 - A Loja.

A Loja é o organismo que representa um grupo de maçons. Não significa loja comercial e sim algo parecido com alojamento. Era o local onde os operários de uma construção guardavam as ferramentas e os equipamentos de trabalho. Equivalente aos barracões de obra de hoje em dia. A Loja é um grupo de irmãos, que se organizam para fazer um seção maçônica. Como é um grupo formado por pessoas, sabemos que ele pode ser falho mas também poderá ser muito produtivo, isto vai depender de uma série de fatores, mas principalmente da índole e dos propósitos dos seus integrantes.


2 - O Venerável Mestre.

O Venerável Mestre é o presidente de uma Loja, cujo o mandato varia de um a dois anos, conforme o estatuto da Loja e da Obediência, podendo inclusive se reeleger. Ele é o responsável por bem conduzir os trabalhos da Loja. Não é tarefa fácil pois trata-se de coordenar todas as atividades (maçônica e profanas) durante a sua gestão. Para tanto é fundamental que seja uma pessoa de bom caráter para que sua conduta e influência possa ser favorável aos trabalhos da Loja e modelo para os novos que adentram na Ordem. Costumamos dizer que o Venerável Mestre é a Luz da Loja. Se for uma pessoa do bem a Loja cresce e produz bons frutos, do contrario o que irá se ver será desarmonia, desenganos e conflitos.


3 - O Rito praticado pela Loja.

No mundo são praticados hoje um pouco mais de cinquenta Ritos. Ritos são os procedimentos ritualísticos e os métodos utilizados para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimônias, bem como a forma como cada símbolo maçônico é interpretado. Alguns Ritos convergem entre si, são basicamente iguais, mas outros diferem bastante na sua forma de trabalharem, contudo não chegam a ser antagônicos.


Os mais praticados no mundo são: o Rito de York (americano) com 70%, o Rito Escocês Antigo e Aceito (o mais praticado no Brasil) com 12% e o Rito Francês ou Moderno com 7%. Juntos estes três ritos perfazem 89% da Maçonaria praticada em todo o mundo.


Outra curiosidade é o número de graus que um determinado Rito possui.

Vamos aos três ritos mencionados: Rito de York com 13 Graus; Rito Escocês Antigo e Aceito com 33 Graus; e o Rito Francês ou Moderno com 9 Graus. Não existe isso de um Rito ser melhor do que o outro. Cada um tem uma história e personalidade e cada um vai atender a uma determinada pessoa ou um grupo de irmãos.Um irmãos do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito não sabe mais que um irmão do Grau 13 do Rito de York ou mais que um outro irmão do Grau 9 do Rito Francês. Ele sabe sim, sobre o Rito Escocês Antigo e Aceito. Para saber e conhecer o Rito de York ele precisa frequentar as Lojas que praticam o Rito de York e ir subindo os Graus.


4 - A Obediência da qual uma Loja faz parte.

Este artigo não vai entrar no mérito de regularidade maçônica, mas um fato é: existem Lojas regulares e Lojas irregulares ambas fazendo bons e maus trabalhos. Cada caso é um caso.


Obediências (sejam Grandes Orientes, Grandes Lojas ou Ordens) são entidades autônomas, regulares e soberanas que congregam as Lojas Simbólicas (Lojas que trabalham do Grau 1 ao 3). As mais conhecidas no Brasil são: Grande Oriente do Brasil (GOB); Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP); Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro (GLMERJ); Grande Loja Maçônica do Estado de Minas Gerais (GLMMG), mas existem muitas outras.


Em outro artigo iremos abordar este tema com mais detalhes. O que importa no momento é perceber que cada Obediência tem a sua forma de enquadrar as Lojas e, em alguns casos, até o Rito. Como cada Obediência tem os seus regulamentos, inclusive quanto ao uso do traje e a admissão ou não de mulheres (será publicado um artigo sobre o assunto futuramente), então a forma de praticar Maçonaria também vai ser própria.


5 - O Pais e o lugar onde uma Loja se reúne.

Sim, a cultura local influencia na forma de "se fazer Maçonaria". Nos Estados Unidos da América alguns estados não exigem o uso do terno nas seções e até admitem o uso de bermudas dependendo da Loja. Em Portugal e Itália, devido ao preconceito religioso, os maçons evitam utilizar qualquer coisa que o identifiquem como irmãos (anéis e adesivos nos carros). As fachadas das Lojas não se apresentam como uma Loja Maçônica, elas são disfarçadas ou escondidas.


Aqui no Brasil também existem certos regionalismos. No interior é comum os irmãos se conhecerem melhor devido ao tamanho da cidade. Isto já não ocorre em cidades grandes onde alguns irmãos moram a quilômetros de distancia uns dos outros. A proximidade ou o afastamento tem muita influência nas ações filantrópicas.


Ao observarmos estas cinco variantes que influenciam na fórmula matemática maçônica eu reconheço que é difícil explicar o que é a Maçonaria, podemos até afirmar que é praticamente impossível alguém dizer que conhece tudo sobre a Ordem, mas o que se vê são pessoas que conhecem a sua Loja e o seu Rito e expressam as suas opiniões baseadas nas próprias vivências. Sabemos que não devemos admitir como verdades supremas as realidades dos outros.


Maçonaria é a experiência pessoal de cada um. Tanto de alguém que está na Ordem como de alguém que está de fora.O Grande Oriente do Brasil, que é uma das Obediências Maçônicas, possui aproximadamente 2.400 Loja em todo o Brasil. São 2.400 personalidades, as quais no próximo ano já serão diferentes pois os presidentes (Venerável Mestre) das Lojas irão mudar e as Lojas adotarão um outro ritmo e uma nova imagem. Isso sem levar em conta os irmão que entram e saem das Lojas continuamente, alterando também a forma. Uma boa Loja hoje poderá não sê-la amanhã.

O QUE A MAÇONARIA NÃO É:


A Maçonaria não é religião e nem uma seita demoníaca. Teremos um artigo sobre este assunto, mas podemos adiantar que alguns Ritos se aproximam da religiosidade enquanto outros se afastam completamente, mas antes de tudo é preciso entender o que é religião, teologicamente falando, e o que a Maçonaria de fato estuda e pratica. Qualquer pessoa atenta às verdadeiras informações verá claramente que Maçonaria não é religião. Não sendo religião, referenciar o Diabo, Satanás, Baphomet ou algo parecido, deixa de existir ou fazer sentido.


A Maçonaria não é uma organização para pessoas ficarem ricas ou dominarem o mundo. Teremos um artigo sobre este assunto, mas podemos adiantar que mais se gasta dinheiro na Ordem (com filantropia e estudos) do que se ganha. Infelizmente, algumas organizações se passam por Maçonaria justamente para dar golpes nas pessoas ingênuas.


A Maçonaria não é misógina, machista, feminista, racista ou qualquer outra definição de grupo extremista. Teremos um artigo sobre este assunto, mas podemos adiantar que (mais uma vez sem entrar no tema: Regularidade Maçônica) existem Loja apenas formada por homens, Lojas formadas apenas por mulheres e Lojas mistas, quem define isso é a Obediência Maçônica da qual a Loja está jurisdicionada.


A Maçonaria não tem fins políticos. Porém, alguns Ritos se importam bastante com a sociedade, pois o maçom tem o dever de transformar o mundo em um lugar melhor. Então, não só a política mas todas as causas sociais são importantes. Entretanto, não existe um partido político maçônico ou um partido que represente a classe maçônica, logo não é e nem tem finalidades políticas.


DECEPÇÕES MAÇÔNICAS


É comum lermos artigos ou vermos vídeos de pessoas desencantadas ou desiludidas com a Maçonaria. Por que isto ocorre?


Para responder iremos dividir em dois grupo:

1 - Aqueles que nunca entraram para a Maçonaria, mas a conhecem por histórias ou contato com algum maçom e teve uma péssima experiência ou impressão; e

2 - Aqueles que foram iniciados na Maçonaria e tiveram algum tipo de desilusão.


Vamos ao primeiro e já começo afirmando o seguinte: brasileiro não tem o hábito da leitura e principalmente da pesquisa. Ou seja, se alguém fala mal da Maçonaria ou inventa alguma história fantástica sobre o assunto, simplesmente o ouvinte abraça a fábula e admite como verdade. Inclusive já postamos um artigo sobre a Verdade ( https://www.avoznodeserto.com/post/veritas-et-virtus-parte-i )


Há também aquelas pessoas que realmente tiveram uma péssima experiência diretamente com um maçom. Isto é lastimável, mas como eu já disse: existem várias Lojas. É provável que este mau maçom não tenha tido bons exemplos, nem um bom Venerável Mestre ou bons companheiros na Loja e não conseguiu desenvolver as suas Virtudes. Ficam aqui as nossas desculpas por esta vergonha alheia.


A segunda categoria é do maçom que fala mal da Maçonaria e isto se deve à velha relação: expectativa X realidade.

Voltando à parte onde eu afirmo "o que a Maçonaria não é", muitos acabam entrando para a Ordem justamente por acreditarem em algumas daquelas colocações.Conheço irmãos que buscam na Maçonaria uma forma de ficarem ricos, uma resposta para encontrar Deus, apoio para uma candidatura política, conseguir emprego ou subir na empresa, entraram em busca de apoio social e outros que buscam sinceramente aprender sobre Filosofia Maçônica ou praticar a filantropia, mas se desapontaram.


Para cada uma eu tenho uma leitura:

Os que buscam a riqueza foram enganados ou se enganaram. Sim, enganados. É possível que um irmão, imbuído da vontade de convidar um amigo para entra na Maçonaria, tenha utilizado este argumento: "Lá você vai conhecer gente nova que poderão ajudar você no seu negócio." E terminou por iludir o candidato. Será que esta afirmação é verdadeira? Será que é assim que funciona o mundo empresarial ou de negócios? Em fim, não é isto que se comprova na prática. O mundo empresarial quer resultados e ser maçom não é garantia de bons negócios.


Os que buscam respostas para entender os mistérios da vida se desencantam porque entraram no Rito menos favorável às suas buscas. Eles deveriam participar dos Ritos que estão mais voltados para este tipo de assunto, assim estarão em contato com irmãos que comungam dos mesmos pensamentos e juntos poderão caminhar nesta direção. É difícil para um buscador dos mistérios espirituais encontrar algo que o anime se ele entrar em uma Loja que está mais voltada para organizar a feijoada para comprar um ar condicionado novo ou em planejar o churrasco de fim de ano. Naturalmente este pelegrino irá se decepcionar e acabará deixando a Ordem, mas na verdade o que faltou foi ele ser direcionado para uma Loja que atendesse as suas aspirações.


Tem aqueles que procuram por apoio político. Entram acreditando que irão conseguir apoio na Câmara dos Vereadores ou que toda uma Loja irá apoiar a sua candidatura. Realmente, em algumas cidades, principalmente as pequenas, a Câmara de Vereadores é repleta de maçons. Se a Câmara, juntamente com a Prefeitura da Cidade estão fazendo um bom trabalho, ótimo. Caso contrario é lamentável e vergonhoso.


Aos que buscam reconhecimento e apoio social, eu posso afirmar o seguinte: o que você é como maçom você será como profano. Um bom maçom é um bom empregado, um bom chefe, um bom pai, um bom filho, um bom vizinho e um bom amigo. Quando você é bom em algo, o reconhecimento virá no longo prazo. Simples.


Muitos irmãos são acomodados, permanecem em uma Loja mesmo que ela não tenha mais nada para lhe acrescentar. Não preconcebem que todo homem é a media comportamental do seu convívio social. Bons ambientes são favoráveis ao desenvolvimento de boas virtudes, a falta de bons exemplos acaba por estagnar a intenção da busca em se tornar algo melhor.


Quem vai ajudar a pessoa não é a Ordem, mas sim o irmão que o conhece bem dentro da Loja. Este irmão é que vai saber se há mérito ou não no apoio.



CONCLUINDO


A Maçonaria busca a reflexão e a sustentação em três temas básicos: fraternidade, igualdade e liberdade. Estes motes às vezes são mal compreendidos e até distorcidos, mas todos os trabalhos são voltados para uma busca de uma sociedade justa e igualitária, sem tirania ou preconceitos. A demanda destes objetivos leva, em um primeiro momento, ao auto conhecimento. Esta abertura e libertação dos antigos conceitos é a causa dos maçons serem tão perseguidos, principalmente nos regimes totalitários.

Após o maçom perceber a importância dele como uma engrenagem no contexto social ele irá iniciar a sua caminhada para apoiar o grupo no qual ele está inserido. É um ambiente de aprendizado e de cultivo de boas amizades.


A Maçonaria é perfeita por si só o que se apresenta à sociedade não é a Ordem, mas são as Lojas. Algumas são brilhantes, outras nem tanto.


Quanto aos maçons? Cada um responde por si e não pela instituição.


Veritas et Virtus

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